"Milhares de indignados, 100 mil segundo os organizadores, entre jovens, precários, reformados, empregados, pessoas de meia-idade, idosos, e até famílias inteiras, desfilaram ontem em Lisboa para protestar contra o actual estado do País e exigir uma nova política mais participativa. A marcha ficou marcada por momentos de tensão que obrigaram ao reforço policial. Já perto da meia-noite, a PSP começou a dispersar os manifestantes, tendo empurrado os ‘indignados’ até ao último degrau da escadaria do Parlamento, entre gritos e protestos. Da assembleia geral que se seguiu, saiu um apelo a uma greve geral." (in Correio da Manhã, 16 de Outubro 2011)
Podia ler-se no Correio da Manhã esta notícia. Até aqui tudo bem, toda a gente tem direito à manifestação, e quanto a mim não lhes tiro qualquer razão. Acho que o país precisa de medidas drásticas, os políticos precisam de ser "apertados", e as prioridades das decisões políticas devem ser "afinadas". Contudo, qual não é o meu espanto quando leio isto (continuação do trecho anterior):
"O primeiro momento complicado da ‘marcha dos indignados' aconteceu ao final da tarde, quando os manifestantes ocuparam as escadarias do Parlamento, provocando a intervenção da polícia, que logo reforçou o contingente do Corpo de Intervenção e blindou o Parlamento com cerca de 50 agentes no cimo da escadaria. Ao final da noite, a PSP desceu os degraus, sendo obrigada a empurrar muitos manifestantes que se sentaram em protesto."
Bom, em primeiro lugar devo dizer que fazer uma manifestação em frente ao Parlamento a um Sábado é como ir a um centro comercial no dia de Ano Novo: ESTÁ FECHADO! E dizem-me assim "Ah, mas a manifestação não é para ir ter com os senhores do Parlamento, é para simbolizar a nossa insatisfação com o Governo, e para isso juntamos toda a gente num dia em que toda a gente possa e vamos para a escadaria do Parlamento", e eu respondo "Hã hã, então vamos todos desatar aos gritos e puxões de cabelos em frente ao Parlamento para a polícia ver e transmitir aos senhores do Parlamento que estamos todos muito tristes? Ah não, espera, sempre temos os meios de comunicação social, que transmitem tudo, e assim os senhores do Parlamento podem ver que estamos todos muito descontentes no conforto das suas casas...Sim, ao menos sentem-se seguros e pensam que o melhor mesmo foi combinarem uma manifestação a um Sábado, caso contrário estariam tramados e levariam porrada de três em pipa destes manifestantes doidos que estão na escadaria do Parlamento".
Depois vejo nos telejornais que o problema não foi só os manifestantes se encontrarem nas escadarias do Parlamento e causarem uma panóplia de desacatos verbais. Como se não bastasse, os queridos manifestantes galgaram as "barreiras policiais", quais estrelas do atletismo português, e quiseram invadir o Parlamento. Oh senhores, vamos lá ver: uma coisa é manifestarmos, aceito, compreendo, e muitas vezes devia ter ido a manifestações e não fui. Outra coisa é invadirmos um edifício. Ainda para mais quando sabemos que não está lá ninguém porque é fim de semana! Mas enlouquecemos de vez? E iam entrar para quê? Para verificar se o Senhor Pedro Passos Coelho (vou só ali vomitar e já venho) está a fazer horas extras? (Hora de rir a bandeiras despregadas, vamos lá pessoal!!!!!) Por favor, não estão à espera que estejam reunidos todos os senhores deputados a decidir a reformulação do Orçamento de Estado, só porque estão aí uns 100 mil manifestantes a ameaçar entrar no Parlamento. E se entrassem no Parlamento? Iam fazer o quê? Partir aquilo tudo? Bater nas pessoas (se é que estava lá alguém)? Hã, senhores?
Concordo com o que o Senhor Camilo Lourenço (gosto muito muito de ouvir este senhor, diz com cada coisa!) comentador das manhãs da M80 diz: "uma coisa é manifestação, outra coisa é arruaça. E que eu saiba ainda não somos a Grécia". E mais nada, quem fala assim não é gago. You go, Camilo Lourenço!