17 de outubro de 2011

Os Homens e as Mulheres

A necessidade de afirmação das mulheres em termos de direitos é sobejamente conhecida por todos. A "revolta dos soutiens", bem como as inúmeras manifestações reflectem essa necessidade. O que venho aqui analisar é a sua razão. Ora, tempos houve em que a mulher só servia para ficar em casa, a cuidar dos filhos, das limpezas, para servir o marido à mesa e na cama, e aumentar o número de filhos, para um dia estes também poderem trabalhar. Quantos mais filhos, maior seria o rendimento. A mulher era fraca e não servia para trabalhar, e porque era menos homem aquele que alguma vez pensasse em deixar a sua mulher trabalhar. Por maiores que fossem as dificuldades, as mulheres não podiam trabalhar para ajudar a trazer pão para a mesa. As mulheres não tinham o direito ao voto, não tinham liberdade de expressão e sofriam em silencio, porque era assim que tinha que ser. A lei só permitia votar aos cidadãos maiores de 21 anos que fossem chefes de família e/ou que soubessem ler e escrever. Requisitos que as mulheres não cumpriam.
Em Portugal, a 5 de Maio de 1931 as mulheres foram consideradas eleitoras, embora com condições específicas: o voto só abrangia a mulher que fosse chefe de família (ou era viúva ou divorciada, claro), a mulher que estivesse casada, mas que o marido estava fora, e como se não bastassem as restrições, ainda só podia votar quem tivesse o ensino secundário completo ou  quem fosse titular de um curso superior certificado. Foi nas primeiras eleições legislativas do Estado Novo que se elegeram três deputadas, as três primeiras da História de Portugal. Contudo, só após o 25 de Abril se conseguiu o sufrágio universal.
Nos dias de hoje nem sequer damos conta da importância que isso teve para nós mulheres. E muito embora ainda exista muita "quadradice" de mentalidades de homens, o mesmo se passa com as mulheres. Vejamos: se todos temos os mesmos direitos, e os mesmos deveres, porque é que os homens não fazem o mesmo que as mulheres? Os homens chegam a casa e não se preocupam com o que há para fazer. É biológico. É de homem. A mulher chega e tem mil e uma preocupações na cabeça, (jantar, banho, máquinas a lavar, estender a roupa, e quem tem filhos ainda tem de se preocupar com banhos de crianças e birras desenfreadas). É biológico. É de mulher. Sim somos muito mais preocupadas que eles. Sim, eles são muitas vezes uns chatos que ainda refilam se o jantar não está pronto a horas, porque estiveram a trabalhar e têm fome. Então o que é que me choca nestes homens?  Ahm, pois, choca-me as mulheres que permitem que isso aconteça. Ora, se uma mulher trabalha tantas horas como o homem, porque é que a mulher tem obrigações em casa e o homem não? Depois há aqueles homens que se vangloriam porque são muito "à frente" porque "ajudam" as mulheres. Ajudam?! Amiguinhos, há novidades para vocês: em casa ninguém ajuda ninguém. Os dois têm obrigação de fazer tudo. Porque os dois sujam, os dois têm fome, os dois trabalham, os dois tomam banho, etc e tal. Depois há as mulheres que se acham umas sortudas..."Ah, vê lá tu, o meu marido põe a mesa todos os dias! Estou super feliz, ao menos não tenho que fazer tudo sozinha!" Querida, se ele só faz isso a culpa é tua.
Posto isto, eu admito que tenho um homem que trabalha tanto ou mais que eu, fora e dentro de casa, e por isso damos-nos bem. Somos felizes assim, porque os dois sentimos que é nossa obrigação manter uma casa arrumada e limpa.

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